Adriana Rocha

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Lápis e papel são menos que é mais

Lápis e papel é tudo de que o artista precisa para se manisfestar. esse mínimo múltiplo comum da arte é objeto de uma reflexão em forma de exposição a partir de hoje na galeria Nara Roesler.

A coletiva que inaugura o calendário oficial da galeria nào só provoca uma reflexão como resulta de uma reflexão empreendida pela curadora, Kátia Canton, em conjunto com os artistas (Nina Moraes, Maria Teresa Louro, Alexandre Nóbrega, Adriana Rocha, Tomie Ohtake, Marcelo Silveira, Artur Lescher e José Spamniol).
A mostra partiu de uma proposição de Katia, de que a liberdade, o despojamento e o sentido constituíam o cerne da arte. "Toda arte começa com esboço. Por mais que se sofistiquem meios e possibilidades, o artista sempre terá o mínimo, que lápis e papel", afirma a curadora.
O grupo reuniu-se diversas vezes para discutir a exposição. "Gosto de trabalhar em equipe, pensar a mostra junto com os artistas, de forma a torná-la menos indecifrável e obscura do que em geral são as curadorias."

A exposição na Nara Roesler vem na esteira de um movimento de valorização da arte sobre papel, com mostras recentes como "Técnica Mista sobre Papel", na galeria Thomas Cohn, "Üniverso Desenho", na Camargo Vilaça, e as importantes mostras "Arte Brasileira Sobre Papel", no MAM em 99, e "O Acervo e o Desenho", em cartaz no CCSP.
Mas a coletiva que será inaugurada hoje à noite avança ao abarcar obras cuja constituição tem um pensamento de desenho, independente do suporte utilizado. As esculturas de Tomie Ohtake e Artur Lescher, logo na entrada da galeria, evidenciam essa idéia.

A Escultura em aço de Tomie é um único traço "impresso" no espaço. De grandes dimensões (250 cm x 510 cm), a obra projeta uma sombra na parede, duplica o desenho espacial sobre a superfície plana, em percurso inverso ao de suas recentes gravuras que, recortadas, projetam uma sombra que as torna tridimensionais.
O trabalho de Lescher, uma peça circular encaixada em um bastão que possibilita que a peça gire em um movimento de compasso, remete aos processos de feitura do desenho. "Essa escultura projeta um desenho potencial para o espaço, deixa um rastro imaginário", explica o artista.

O outro "passo além" dessa coletivaé apropriar-se da idéia de arte como escritura de roland Barthers e pós-estruturalistas para abarcar obras que discutam questões de memória e história. "A obra de José Spaniol caiu como uma luva, porque ele faz de fato uma biblioteca, que é o próprio receptáculo de sentido", dis Katia.

Maria Teresa Louro e Alexandre Nóbrega escrevem e desenham no papel. No entanto, ela usa o texto de forma quase evanescente e ele com a força oposta, quase agressivo, com contrastes fortes.

2000

JULIANA MONACHESI

FOLHA DE SÃO PAULO

texto sobre a exposição “Lápis e Papel”, Galeria Nara Roesler, São Paulo