Adriana Rocha
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Habitar o Limite
Se o ato de habitar corresponde à ideia de morar, é porque, antes, corresponde à ideia de ocupar, à ideia da ocupação de espaços, e, os espaços, em certa medida, podem ser os lugares ocupados pelos nossos corpos. Neste caso, porém, determinar a exatidão de seus limites é tarefa que nos leva a múltiplas respostas, pois, cada um deles não há de ser definido apenas pela extensão de nossos braços ou pela pele que nos reveste. Podemos, talvez, entender que as distinções de alguns desses limites estejam nos olhares, caso em que as distâncias são marcadas por fixações definidas, espécies de freios domesticados por hábitos, ou por imposições. Assim, tanger essas bordas eleitas por nós mesmos ou pelos outros, pensando em suas efetivas aproximações físicas, para depois igualmente habitá-las, é, ao que parece, uma busca interminável que, provavelmente, só há de se configurar em traduções que possam conter a qualidade concreta e formal de uma idealização. São realidades transformadas, porque desejadas. Com isso, os céus e os mares, que a princípio apontam para o infinito, tornam-se finitos quando os flagramos, os definimos e os recortarmos, para neles, aí sim, fixarmos nossas prováveis moradas; tornam-se limites passíveis de serem tocados, limites que podemos inserir nos lugares onde o habitar, agora, corresponde de fato à ideia de morar.
Carlos Avelino de Arruda Camargo
Julho de 2012