Adriana Rocha
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O Livro do Mar
Desenhos e Pinturas de Adriana Rocha
Mar é origem, constituído como um corpo de água salgada obstruído por uma porção de terra.
Segundo constam os processos distintos no surgimento dos oceanos, os mesmos estão ligados à formação da atmosfera e ao resfriamento, cerca de um bilhão de anos atrás após a organização do planeta.
Mar é mistério, movimento e emoção. É energia que vem e que vai. Um sistema interconectado de águas dos oceanos, influenciando no clima e desempenhando importante papel nos ciclos das vidas, dos gazes e da história.
Têm-se nele, como conjunto dos oceanos, relações diretas com elementos do comércio, do transporte, da extração mineral, dos encontros e construções de mundos e da geração de forças e energias.
Cidades e populações inteiras à mercê das intempéries entre falhas geológicas, vulcões, tsunamis e furacões orquestrados pela potência aliada às águas.
Cézanee dizia que é preciso pintar o cinza para ser um bom pintor. Já a Grande Onda de Kanagawa de Hokusai é representada pelo azul perpetuado pela história do oriente.
Ondas estas que se formam a partir do sopro do vento na superfície do mar. Odisseia e Tempestade, de Homero a Shakespeare, como poesia e literatura, fazem do mar cenários empolgantes para suas aventuras e tragédias.
Isso para citar apenas alguns dos clássicos.
“O mar é mesmo um livro onde podemos ‘ler’ muitas coisas. Gosto muito de ficar vendo as ondas vindo e voltando. As vezes queremos muito que tudo apenas siga em frente – não é assim que rola o tempo e as descobertas?” –
pensou a artista Adriana Rocha, como a justificar seis grandiosos desenhos em formatos avantajados, representando as ondas da superfície do mar.
Há muito tempo interessada na paisagem, a artista desde 2019 vêm desenvolvendo esta série de grafite sobre papel (por isso o cinza de Cézanee) para apresentar como potente políptico na Galeria b_arco.
Nada mais pertinente – neste momento de abalos morais e vitais, onde o convívio social é posto em cheque ameaçado por vírus que não se cansam de se modificar e as vidas e os oceanos, há cada dia mais,
andam também ameaçados pelo excesso descontrolado de consumo e ganância. Como consequência temos o desequilíbrio ambiental pela profusão de lixo gerado que não consegue ser reciclado.
A exposição O Livro do Mar, tem título emprestado da obra de mesmo nome, de 2019, do jornalista e escritor norueguês Mortin Strøksnes que relata sua experiência junto a um amigo artista-pescador
de ir em busca de um temido tubarão habitante dos fiordes, passando por mitos e desbravando o inesperado e os mistérios proporcionados pelas águas.
Com quantas cores podemos imaginar o mar? Aqui a exímia técnica de Adriana Rocha faz os recortes nas paisagens que falam da grandiosa beleza que ainda podemos desfrutar.
Além dos desenhos de grande dimensão, pinturas de pequenos e médios formatos nos trazem o acalanto de poder olhar o mar e pensar em viagens intensas e espetaculares.
Na interpretação do real, vagas marinhas a povoar nossos sonhos.
Renato De Cara
No litoral norte de São Paulo, fevereiro de 2019.